O sucesso do uso de ferramentas digitais na área do envelhecimento ativo e saudável depende da contribuição ativa dos ecossistemas de inovação locais e regionais e das suas organizações, incluindo a indústria, a sociedade civil, as universidades e os decisores. Assim, o objetivo deste projeto é coordenar e apoiar a criação de um modelo de scale-up para a inovação em envelhecimento ativo e saudável que seja validado por vários intervenientes, e apoiar a implementação do mesmo ao disponibilizar ferramentas para avaliação de impacto e estratégias para investimentos a longo-prazo.
Ao longo do projeto irão decorrer vários workshops e webinars, organizados pelo Centro de Competências para o Envelhecimento Ativo e Saudável da Universidade do Porto, de modo a promover a participação de todos. Existirão também parcerias para a adoção de boas práticas, soluções e iniciativas de aproximação institucional em conjunto com outros agentes do ecossistema da Universidade do Porto, como a UPTEC. Para além de envolver ativamente a comunidade do EIP-on-AHA, o projeto vai também trabalhar com o Joint Programming Initiative on More Years Better Lives, o programa Active and Assisted Living, o EIT Digital e o EIT Health.
A estratégia adotada é de aproximação na implementação de um modelo de scale up para soluções inovadoras na área da saúde (sejam estas ao nível da tecnologia, integração de cuidados sociais e de saúde, mudança do sistema, etc.), tendo sempre em conta a perspetiva do utilizador final. Este modelo será construído tendo por base a participação e contribuição ativa dos vários intervenientes e a tradução de conhecimento em ferramentas práticas para o ecossistema europeu e seus sítios de referência.
Este projeto de dois anos é liderado pela Tehnopol Science and Business Park e conta com parceiros na Bélgica, Espanha, Estónia, Finlândia, Lituânia e Suécia.
O Centro de Competências para o Envelhecimento Ativo e Saudável da Universidade do Porto (Porto4Ageing) está envolvido em vários projetos internacionais com vista a promover boas práticas para o envelhecimento e para a saúde, como é o caso do ICTskills4All, cujo objetivo é auxiliar no aumento das capacidades digitais de idosos e dos mais desfavorecidos. Ao longo de dois anos, foi desenvolvido um website de ensino, de acesso livre e acessível ao público a partir desta semana – www.ictskills4all.eu, desenvolvido numa abordagem colaborativa, ou seja, com o envolvimento do utilizador final e com a realização de vários testes de usabilidade que permitem adequar os materiais às necessidades dos utilizadores. “Fizemos testes com vários grupos para garantir que a nossa plataforma é de fácil navegação. Coisas como carregar no ícone de uma lupa para fazer uma pesquisa que, para utilizadores mais experientes parece óbvio, mas para quem está a aprender não é”. Explicou Liliana Rodrigues, gestora do projeto. “Precisámos também de aferir quais as verdadeiras necessidades de aprendizagem. Para isso, nós e os nossos parceiros, ministramos cursos presenciais em que concluímos, por exemplo, que a segurança online é um dos temas que suscita mais dúvidas e receio e para o qual é preciso uma abordagem empática”.
Para Kerolyn Ramos, um dos membros do projeto que deu as aulas presenciais, uma das principais barreiras da aprendizagem era o receio que os alunos tinham de não serem capazes: “ao longo das sessões que fizemos, uma das nossas grandes funções era encorajar os alunos. Mesmo no fim, quando questionados sobre o que mudariam na sessão, uma das respostas que teve mais ocorrência foi «o meu modo de aprendizagem». É muito importante ter isto em conta quando se produzem materiais para estes grupos, de modo a que não sejam um fator de frustração, mas um facilitador”.
O desenvolvimento do website, que continuará a ser atualizado e traduzido para quatro línguas, permitiu constatar a importância de impulsionar idosos e desfavorecidos a adquirirem e melhorarem suas competências digitais: “com os grupos com os quais trabalhamos, conseguimos desmistificar o smartphone e mostrar-lhes a sua versatilidade. Agora temos um grupo no whatsapp, onde os alunos falam quase todos os dias. Tivemos também o caso de uma aluna que estava desempregada e, depois de conseguir fazer o seu currículo, arranjou emprego”. Para Kerolyn, os resultados vão ainda mais longe: “para além de ajudar a combater o isolamento e lhes dar ferramentas, há também o aumento da autoestima por se perceberem capazes de aprender”.
A pandemia veio demonstrar ainda mais a importância das competências digitais nos idosos, quando, por exemplo, permite ter consultas médicas online regulares e o acesso a receitas digitais. Liliana Rodrigues justifica “não queremos formar génios da informática, queremos dar-lhes ferramentas para comunicar com o mundo e vice-versa”.
O ICTskills4all é um projeto internacional financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia, coordenado pelo Centro de Competências para o Envelhecimento Ativo e Saudável da Universidade do Porto, com parceiros na Bélgica, Letónia, Polónia e Reino Unido.